Ser empresário, em que ramo for, é manter os pés fixos no presente, e os olhos voltados ao futuro. Como se não bastasse isso ser uma tarefa difícil, temos, no Brasil, outros obstáculos que tornam traçar estratégias em médio e longo prazos tarefas que demandam esforço extra: impostos, limitação de crédito, oscilações na política econômica são alguns desses obstáculos.
A pandemia e a decorrente crise econômica mundial somam-se como elementos que colaboram para tornar esse cenário ainda mais complexo.
Se você concordou com tudo o que foi dito acima, então, é melhor parar por alguns minutos é repensar. Não que as afirmações do início deste artigo estejam incorretas – não estão – todavia, o grande erro que você pode cometer é generalizar, isto é, enxergar-se no mesmo barco quando, na verdade, estamos em barcos distintos, passando, sim, por uma mesma tempestade.
Digo isso porque, se você analisar com mais detalhismo tudo o que está havendo, notará que há empresas que seguem faturando, se reinventando e se adaptando na velocidade que lhe é possível aos novos tempos – sim, porque não podemos esquecer que muitas coisas mudarão pós-Covid, e entre essas mudanças estão novos hábitos de consumo e supervalorização da higiene nos processos industriais.
Várias ferramentas podem ser usadas para superar os obstáculos mais rapidamente, se reinventar e emergir mais forte; uma delas, sem dúvidas, é a gestão. Outra, tão importante quanto, é a automação. Automatizar significa, em linhas gerais, fazer mais, com mais assertividade e controle e, portanto, oferecer métricas reais e gerenciáveis de produção para se saber onde uma empresa se encontra e para onde deve ir.
O segmento de alimentos não somente é um importante indicativo da saúde da economia brasileira, como também nos serve como uma base ilustrativa para a temática da automação industrial. É notório que o mercado nacional é dominado por grandes players nesse setor – empresas com altíssima tecnologia sendo empregada em todas as etapas do processo produtivo, do abate ao transporte, logística, embalo e destinação ao consumo final (no mercado local e internacional).
Contudo, a automação não é um privilégio limitado àquelas empresas que têm musculatura (entenda-se, capital) para realizar altos investimentos, mesmo nas crises, e, assim, se reinventar. Automatizar é essencial também para pequenos e médios negócios no setor alimentício – mais do que isso, arrisco dizer que é vital não somente para a sobrevivência dos mesmos, como também para que, um dia, cheguem a se destacar localmente ou mesmo em nível nacional.
Voltemos ao caso do Covid19. Quantos negócios locais não ganharam destaque diante a impossibilidade de deslocamentos e contato social? Venda de produtos embalados, fracionados em pequenas quantidades, mas previamente higienizados, tornou-se uma alternativa muito atraente.
Aqui, estou falando da realidade de grandes redes de supermercado e, ainda, do mercadinho do bairro, da sua rua, do pequeno açougue. Afinal, ser um pequeno negócio do ramo de carnes e outros gêneros alimentícios não significa deixar de primar pelo diferencial que todos procuramos: bom atendimento e produto de qualidade.
Mas, e o acesso ao capital? É muito custoso investir em automação (ainda mais neste atual cenário)?
Afirmo que atrelar o impeditivo de se realizar um investimento ao alto custo é desconhecer a atual realidade do mercado. Há no Brasil uma variedade de marcas, equipamentos e tecnologias extremamente acessíveis a empresas alimentícias de diferentes portes – incluindo, sim, pequenos negócios. Isso envolve ferramentas de pesagem, corte, controle de qualidade, embalo, encaixotamento, etiquetamento, entre outras funções.
Cortar, embalar e entregar a um cliente de forma diferenciada é algo que somente é possível por meio a automação. Isso quer dizer que, na contramão dos recursos financeiros que os grandes empresários têm em mãos, os pequenos e médios negócios têm a possibilidade de inovar por meio da customização, do atendimento próximo, do serviço diferenciado que é impossível oferecer em larga escala.
Observem que tudo o que foi citado acima está muito mais ligado à visão de negócios do que, necessariamente, uma estrutura robusta. É o exemplo das carnes em bandejas, cortadas e prontas para consumo imediato ou congelamento – um tipo de produto que não está limitado necessariamente a grandes players, mas cuja aplicação é perfeitamente viável a frigoríficos e açougues de menores portes.
Obviamente, o investimento assertivo, na tecnologia correta, é essencial – sobretudo quando se tem recursos limitados para tal. Por isso, conhecer a fundo seu próprio negócio, seu público, e, assim, suas reais necessidades e margens para inovação, é fundamental.
Quando unimos gestão e tecnologia, um novo mundo, com grandes potenciais, se abre. Os recursos, hoje, estão disponíveis – a pequenos, médios e grandes. Estude, pesquise, escolha um fornecedor parceiro, ponha tudo na ponta do lápis e, acima de tudo, questione-se: em que posso me diferenciar?
Essa resposta lhe dará o norte para onde olhar no futuro – e, não esqueça: há muitos mares a serem navegados.